Ela encontrou o refúgio mais próximo no banheiro feminino. Sabia que não haveria muito tempo: começariam a procurá-la e Tina abriria a porta e a consolaria dizendo que ela tinha amigos que eram a família dela, não importa o que encontraria ao chegar em casa. Mas ela queria se sentir sozinha agora, sozinha como se sentia quando estava em casa. Tudo doía. Ela se trancou na cabine mais próxima e contou mentalmente: três dias para seu aniversário. Lágrimas irreconhecíveis desceram ao seu rosto. O toque habitual do colégio resoou, e quanto tempo ela teria ficado ali? Horas, segundos?
Ela esperou mais um pouco, então, estaria livre para ir pra casa. Escutou os apitos incômodos do coordenador, colocando todos os estudantes para dentro. Mas foi distanciando. Ela já estava pronta para sair, colocando a mochila nas costas, quando a porta do banheiro se abriu.
Deveria ser Tina. Mas algo dentro dela negava isso. Não, não era Tina. Quem seria? Com certeza alguém que apenas foi ao banheiro, não estaria ali procurando ela. Ela quase riu de si mesma. Porém, uma voz masculina se projetou no silêncio.
- Elise, saia daí agora.
Elise? Desde quando alguém a chamava de Elise? E quem era?
- Aqui é um banheiro feminino, se você não notou. - Foi mais forte que ela.
- Quero falar com você. Agora.
Ela engoliu a seco e abriu a porta. O brilho do choque apareceu em seus olhos.
Continua.
Por Natália Arruda.
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