terça-feira, 19 de outubro de 2010

O novo - Lise, parte seis.

Foi fazendo as coisas tão automaticamente que quando percebeu já estava sentada no banquinho mais próximo - e vazio - do lago. Não conseguia prestar atenção as formas ou as pessoas que passavam ao seu lado. Olhou para o fundo do lado e por alguns segundos pensou ter visto os rostos dos seus avós. Pura ilusão. Mas foi bom relembrar.

Um sorriso inadequado surgiu no seu rosto, e foi nesse momento que sentiu alguém se aproximar. Mas não sentiu medo. Era como se o calor do sol fosse um dos abraços dos seus avós: daqueles que a protegiam de tudo. Se tocou que era uma garota quando ela falou:
- Posso sentar aqui? Sabe, os outros bancos estão muito ocupados, ou cheia de gente inútil… - Concluiu, lançando um olhar indignado à um grupo de adolescentes que parecia rir. Rir dela.
- Claro. Então, o que faz aqui?
- Passeio do colégio. - Ela revirou os olhos. - Sou Briana.
- Bonito seu nome. Acho bonito mesmo - Lise ergueu as sobrancelhas ao ver a expressão cética da garota. - Sou Elise. Mas prefiro só Lise.
Elas conversaram e se tornaram amigas. Lise precisava de uma pessoa normal como Briana no momento, para lhe lembrar que nem todos no mundo a odiavam, que nem todos queriam seu mal. Foi bom conversar com ela. E Lise desejava a cada segundo, que aquele momento se tornasse eterno.
Seria apenas ela, Briana, o Sol que lhe lembrava seus avós e a ilusão de vê-los no fundo do lago. Mas não era assim. Nunca iria ser assim. O mundo não é feito de coisas que nós escolhemos. Seria fácil. Sem graça.
Continua
Por Natália Arruda.




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